quinta-feira, 26 de junho de 2008

Mulher reticências

bolinhas misteriosas, lânguidas ...
aquosas,
femininas,
soltas
que deixam conceitos pairando no ar
. . .
não gosto de definir as coisas.
Prefiro deixá-las viver.

sétimo andar

Coisas, muitas coisas acontecendo. Dentro e fora.
Mudanças aleatórias, sentimentos, espaços, pessoas. Com e sem sentido.
Num lugar- Maracaibo, numa pausa da vida. É estranho conseguir viver tanta coisa num momento em que nada aparentemente acontece.

O que acontece?

Danço na sala, ao som do Ipod nos ouvidos, vendo o dia amanhecer, fumando um cigarro.
Sento na janela do sétimo andar... vejo a silhueta da lagoa em contraste com um céu poético... fotográfico.

Ouço samba. Danço, canto em silêncio e me emociono. Não sou fumante, mas fumei um cigarro. Bêbada de whisky com energético.
Numa pausa latente a cidade ainda dormia...
e eu dançava, fumava, chorava,
sozinha
na janela do sétimo andar.

VIVA INQUIETAÇÃO

O tempo passa... tenho medo de quê? De não conseguir, de não conseguir o que quero.
O medo do não, da rejeição,
do se sentir feio, sujo, burro, de não ser bom, de não ser...
de se decepcionar
da morte,
da dor física,
do corte.
“Amelie querida ... você não se curvou, não se humilhou” ¹

O medo de amar, viva inquietação,
medo é estar vivo, é bom. É prudente.
isso que me causa pavor.
Ser assaltada
Estuprada
Violentada
Insultada
De um acidente
De cair...
Do avião, do carro
Do prédio cair
Da minha mãe morrer
De engravidar
De nunca ter filhos
De ver espíritos
De ver meu pai
De matar alguém
Pânico de não andar
De não dar certo na vida
de não realizar meus sonhos
de nunca ter um marido... de decepcionar as pessoas...
Ai vontade de ajoelhar, posição fetal, encolhidinha, num cantinho, a luz acessa, cobertor na cabeça...
Porta do armário fechada
Música pra dormir ou muito álcool na cabeça.

Então eu tinha medo dos gritos, das brigas, das pancadarias dos casais brigando.
Homens e mulheres bêbados, dirigindo carros, jogando roupas pela janela... medo de não voltar de uma onda...
Ficar drogada e nunca mais voltar. Perder a noção do real, perder o controle

Medo do mar
De me afogar

Mas nunca tive medo do amor. De amar, me entregar...
Ir no fundo, bem fundo, estar com alguém, sentir outro, se sentir,
trocar é bom. “The more I revolt, the more I make love” ²

Medo de me analisarem e criarem expectativas sobre mim as quais eu não possa suprir.
“expectativas desleais...” *

Medo da inveja.
“teoria da conspiração”

Basicamente medo de pessoas!

Medo de polícia, medo de ladrão
De armas... pra que armas?
Já diziam: faça amor, não faça guerra!

De não ser compreendida na minha caoticidade, num jeito de pensar e ver a vida..... meio casa 11.
Dormir
Dormir
Dormir
Dormir.........

Saudade

Tinha menos medo quando dormia com você
Me abraça, me aperta, me sito viva e tenho menos medo da morte.
Ansiedade.
Ansiosa
Ociosa
Ociosidade
Gera estresse
“Mãe onde fica Marcaibo?
Pra que lado esta a dor?
Vozes me enganam.” **
tensões no corpo
Músculos contraídos
Cobertas. Não durmo sem me cobrir
Proteção
E se todos os países entrassem em guerra?
Medo de você me deixar de não me amar
de amar outra pessoa...
Medo de perder a visão, de ficar cega, de ficar doente.... inválida.
Medo: viva inquietação.




Referências
1: trecho do Texto: A Mais forte
2: frase do chaveiro da loja TOTEM
* : música Vanessa da Mata
** : trecho do texto do espetáculo (des)esperar