sábado, 30 de maio de 2009


Ação e reação

Pisa no meu pé, chuta meu calo. Eu sorrindo. De dor. De ódio. Pisa incessantemente e eu cantando mantras. Você sapateando minha cova. Eu lendo provérbios bíblicos. Você enfiando o dedo no meu olho. Eu te matei e nem percebi. Pois estava rezando.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O FIM DAS UTOPIAS

Meu mundo caiu no momento que me percebi vendendo a alma pro Diabo e a bunda pro inimigo.
É o que se paga pra conseguir o que se quer.E acabou isso de ver a alma das pessoas.
Isso de saber como se viver. Não sei mais nada.
Vou fingir que não vejo tanta sombra e tantas trevas.

Quantas vezes meu mundo caiu?
Quantas vezes você vai me insultar e me deixar sem defesa?
Quantas vezes serei mal interpretada?

Frágil. Me chamou. Achando que me agredia, mas me elogiava. Sabia ser forte principalmente na minha fragilidade.

Eu rezava e achava que era boa.

Batia na sua cara por me achar correta.
Você me devolvia o tapa com força maior.
Tomei na cara por dizer o que penso.


“Não me ensine à viver” você disse.

“Não grite comigo.” Eu respondi.

São tantas coisas.

Eu só podia rezar.

E aquele sonho passou.

Chamei meu filho no canto e lhe disse: “Não confie em ninguém, nem em você mesmo; você pode estar se mentindo.”

Se eu não enxergasse tantas coisas seria melhor. Mas eu as via passear na minha memória.

“Vai continuar gritando?” Retruquei. Pra mim Acabou Parte II.
Porque a primeira parte se foi no momento em que seus devaneios materiais destruíram minhas utopias.

Te julguei e tomei no centro de mim.

Me atirou o vazo de merda na cara.
Me atirou todo o seu lodo, toda a sua feiúra.
Me atirou não nas costas e sim na cara.
Nesse duelo vi minhas pérolas caírem e junto com elas os porcos se deliciavam.
Aplaudiram minha queda.

Mas eu, guerreira tradicional, só desistirei quando não tiver mais alma.

Pois a minha carne já foi consumida pelos seus vermes.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Borboletas no estômago!
O telefone toca.
Podia ser uma esperança
Poderia ser aquele

cheque de 100.000 Reais
Deveria ser você.

A cabeça à 360 kilômetros por hora
O peito apertado

E as borboletas não paravam
É hora de vomitar.
Os pés saindo do chão...

Não! Os pés enterrados no asfalto!
Era a cabeça que estava tão longe
Que achava que estava voando.

Mas só as borboletas estavam.

O Colar de Pérolas


Naquela noite embaçada e interessante,
perdeu seu colar de pérolas.

Os olhos profundos e doces sentiram-se ameaçados e como todo escorpião desconfiado: Fugiu.

Fugir é um verbo feio que não combina nem com escorpiões nem com aquela mulher forte, então prefiro analisar a cena de forma sutil e dizendo que ela “tomou uma atitude”.

Por medo, desconforto, por tantos pensamentos geminianos, que brigam e se multiplicam; por tantas razões racionais capricornianas.....

Mas havia ficado intrigada com aquele Moço profundo, estranho, caótico e de outro mundo, que ela conheceu.

Chegou a duvidar de seu mundo, mas ficou pensando que máscaras e personagens não são coisas de piscianos .... talvez de atores...
Um Moço de água! Só poderia ser de sentimento!

O que me parece é que esse Moço veio de um “universo paralelo”.... de sei lá onde.... de um lugar que Angela costumava visitar: as profundezas!

A questão é que a tal mulher cansou de ser sexy symbol.

A única coisa que pensava era em como é bom deitar-se nos braços de um homem em quem se confia. E isso não tem a ver com casamento. Pensamento avançado demais para o seu tempo.

Abrir a porta da sua casa pra um estranho é algo perigoso. Pode não funcionar. Então ela repensou “ e se eu fizesse diferente?”

Não abriu nem a janela. Trancou tudo dentro da bolsa finíssima e saiu sem bater a porta, pois ainda tinha guardado o mínimo de classe.

E tudo isso quer dizer que.......o fato daquela mulher de um metro e setenta, loira, com pernas delineadas, ter saído em plena manhã vagando de salto alto e lápis preto escorrido, causou um certo incomodo na cidade.....

Mas ela passou pela avenida principal como quem sai pra comprar pão, de cabeça erguida. As pessoas que naquela manhã de segunda iam trabalhar chocaram-se com tamanha irreverência. Um ato revolucionário.
Naquela época, uma mulher sozinha, com trajes noturnos, sair amassada, descabelada, como quem sai de uma guerra, em pleno dia, mostrando-se humilhada e fugitiva de uma ação, provavelmente sexual, só poderia estar insana.

Mas tudo isso: as matérias de jornal, a censura na porta de sua casa, o interrogatório na polícia, o desquite do marido; não a abalaram.

O problema é que ficou sem seu colar de pérolas e junto com ele ficou uma curiosidade imensa de saber quem era aquele Moço que conheceu naquela noite turva e embriagada.