quinta-feira, 25 de março de 2010

sem medalhas

Uma borboleta morreu

Na escada

Não estava sentada e sim escorrida de ódio de mágoa

Mal vivida

Mal amada

Tinha amigos sim! Por que te encontrei de asa quebrada?

Sentiu medo da vida.

Sem caminho, sem estrada.

A borboleta que havia em mim,

Agora na escada e não estava sentada,

Morria sem homenagem, méritos ou medalhas.

Borboleta morrida deitada

Escada sofrida da meta não alcançada.

Paredes, nuvens, precipícios

Morte sem hora marcada.

Voadora; agora parada.

Vida, Vida... voa...

Mexe essa asa ... Vive, Vive...

Volta a ser alada!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Poesias Aperitivas

Palavras crocantes
Expressões pequeninas com teor alcoólico

Olhares decisivos de quem vai fazer uma boa pedida.
Onomatopéias servidas em canapés.
Em taças, resmungos ciumentos de quem não consegue esperar

O eu te amo de um prato quente.

E aquele sorriso de quem sabe apreciar conversas de um prato principal.

Porém, não me importa se na sobremesa de uma caricia
ou no cafezinho de uma revelação

Espero seu tempero de paixão na conta,
junto com o ar de contentamento
de quem sabe degustar

Palavras gastronômicas.

Poesia Charminho

Cruzada de olhos lânguidos
Lábios entre abertos, pensamento no horizonte
Alcinha caindo do ombro, perfumes sutis descontraídos de primavera
Saia subindo desapercebida
Sorriso encabulado
Pinta em cima da boca carnuda
Brinquinho de princesa refletindo a luz de fim de tarde
que amacia a pele em tons fotográficos, suspiros...
Tarde quente, pezinho de unha vermelha, no chinelo preto com bolinha branca
Debruçada na janela, contornos evidentes
Voz aveludada diz
Frases curtas, metáforas
Picolé de limão, riso no canto
pingo doce que cai no decote de rendinha branca
Calor ...
O vento desordenando os cachos castanhos
A morenice reluzindo gosto de amêndoas e mel
na cortina branca
que brinca de esconde-esconde.

domingo, 14 de março de 2010

Charme Noite

Batom, gloss, música. Drink.
Leve balançar de quadris. Rímel, brilho, olhar fatal entre um gole e um trago.
Salto subindo a escada tonta.
Mostrar de coxas
Pausa. Olhada pra trás. Causando arrepio desfilar no salão.
O chacoalhar das pulseiras compondo com o hit da pista.
Cenas fortes de encontros. Renda.
Balcão, risadas.
Dedilhar de cintura, movimento conjunto.Clima.
Corpete apertado, blush acentuado.
Sobe o sol de domingo.

A Tua Mulher

Eu quero que você me ame assim como estou
Mal acabada
Mal depilada
Unha quebrada
Mas com muito amor.
Me queira como a Gisele Budchen
Me Escute como quem escuta Edith
Me leia como Clarice
Me cante como Vinicius
E por favor me entenda como Freud me entenderia
Me joga na cama e faça versos com essas celulites.
Amanhã posso acordar
Bem amada
Bem comida
E ser a estrela que você quer
Ganhar os prêmios pra tua alegria
Sair nas capas de revista
Quem sabe publicar aquele livro...
Te fazer bem às vistas!
Ser a mulher que você queria.
Pra depois te mostrar que não sou nada disso
Sou assim normal
Sou de carne e osso não sou nenhuma global
Volto a ser gente
Lembro pra tua mente que sou aquela mulher de pé no chão,
Que te ama
Te quer bem
Te dá a mão
Fazer você me amar não pelo o que você quer e sim por como eu sou.
Podemos assim degustar o requinte do amor
E viver em paz.
Eu fazendo cada dia você me querer mais
Não pra te agradar e sim pelo esporte
Adoro ver homens fortes rendidos ao chão
E assim como quem vence uma briga
Ser enfim a mulher da tua vida!

Um Brinde

Te olhei e quis te abraçar

Não sei se por mim, por você...

Abafar os problemas da vida.

Nos perder.

Afinal isso aqui é só estrada, não o fim.

Te dedico então minhas frases ridículas,

Meus verbetes hilários...

Pra ver se dá um UP na vida.

Vamos brindar essa palhaçada!

Beber o último gole de alegria,

Fechar a conta, dar mais um vexame, pedir um táxi, risadas.

Adormecer em acalanto... Virar a página.

Outro dia; sol; praia; mais problemas; mais entradas

E te encontro assim como eu: tomando lapada.

Mais um chopp, isso que chamamos de vida, só pode ser piada!
Borboletinha morreu
Planta pimenta
Cinta liga
Esmalte vermelho
Sombra preta
Rock and Drink
Barulhos da madrugada
Mas lá no cantinho da carteira sementinha de girassol
Sonhos de cavalo branco
Véu e grinalda.
Ainda tinha papel em branco. As linhas disponíveis


A frase poética viciada na caneta que não parava de vomitar palavras inúteis usáveis. Cansadas.

Poesia retornável. Assuntos que andam em círculos e não dizem nada.
A ausência de poesia
Que há em mim
Cala meu cansaço
Coloca minha agonia pra deitar
sssss... silencio na rua
A caneta querendo minhas mãos
Fujo
Papel, me seguro.
Nada pra falar. Calei caneta e dedos na pausa de frases.

4 de novembro estranho

Hoje acordei e senti medo da vida.

Encontrei uma borboleta morta na escada.

Lembrei da camisa branca desbotada, nela haviam guitarras aladas.

Guitarras mudas.

O ensurdecedor cheiro da culpa

E esse gosto de calor abafado.

É estranho ver borboleta morta.

É estranho fazer aniversário quando não se tem certeza de nada.

A vida como uma grande nuvem de erros.

O peso dos anos... as desavenças inúteis.

As palavras incompreendidas.

Doenças que assustam. Compromissos adiados.

O olho abrindo já querendo fechar.