sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Ganhar o pão
Viver de quê?

Se pudesse viveria de luz,
De amor, de música e poesia

Mas na panela fria de quem não tem o que comer
pensar em arte é como se abster
Se retirar da maquinaria que mantém o sistema vivo, e eu digo:

Pára! Que eu quero descer!

O trem passou da estação
Somos todos massa de manipulação
Mas temos que ganhar dinheiro, porra!

Esse lance de subjetividade e reflexão... filme, teatro, música, poema .... não enche barriga não!

Pudesse eu... teria os dias na poesia...
Viveria nas entrelinhas...
Eu sorri pra vida.

Na volta, ela sorriu pra mim.

Acho que voltamos a ser amigas.

Saudades dessa parceria...

Mas ainda não entendo quem vem primeiro...

Se o ovo ou a galinha.

Andando na tempestade, te vi ali tristinha... na chuva...

Te peguei na mão,

Tomamos café, algumas decisões

e planejamos o futuro.

O olhar na esperança nos fez rir de nossa tola confiança

no inexplicável, no acaso, no supremo, em nossa força de pensamento.

Cumplicidade de coleguinhas encharcadas num aguaceiro

Sem estrada,

Na ruas alagadas, da cidade que não pode ver chuva.

E nós rindo, rindo, rindo

Dessa cara de iludida que eu faço,

que ela faz,

sempre que acreditamos que algo vai mudar nossos caminhos.

Descaminhando em conversas ansiosas nos deliciamos ao ver

o Pão enorme, lá no fim da paisagem, se derretendo em Açúcar.

Eu, a vida, a cidade

Trocando figurinhas, enquanto nossos sapatos se enchiam de água.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pequenice

E a vida é tão pequena
E nessa pequenice
Olhei pra uma amiga que partia e disse:
Quem sou eu?
Logo respondi:
Eu sou você, sou Isabela, Bruna , sou Rê
Sou minha mãe, minha vó, toda parentada
Sou comida da minha terra
Farofa requentada
Sou meu sotaque
Meu jeito torto de andar
E nessas despedidas vê-se quão frágil é a vida
Partindo todos os dias de nossas mãos.

domingo, 16 de agosto de 2009

Cartela de Ilusão

E a vida não pode ser só isso,
tem que ter renda, confete, caipirinha
Bebedeira
Não dá só pra pagar aluguel
há que se falar besteira
Rir de si
ver o quão ridículo és
Dá pra olhar a vida por outro viés
Penso que queria ser um caminhante do céu vermelho
Porém me olho e não me vejo no espelho
Macarrão esquentado, conta de telefone, guimba de cigarro.

Os problemas todos anotados...

Mas no meu universo paralelo
Sonho coisas em amarelo, em verde, rosa
Azul turquesa e outras cores que inventei
Com cenas que imagino e imaginei....
Logo acordo
Tanta conta, tanto não
Vivo preocupada pedindo perdão
Por ter falado, por ter ouvido, por ter te tocado
Cruzei um amigo na esquina
Desviei. pode ele ter gripe suína

O mundo ta doente, ta gripado,
Se acabando, catarrento, constipado
Sem contato
Só no endereço conectado

É por isso que eu bebo
É por isso que eu danço
E tento cultivar as borboletas do meu cabelo
E tento esquecer o dia do prazo, o dia do pranto e tento....
Ser só energia
Me solto, me sinto pomba gira

Chama o pessoal
Traz o violão
E na bolsa uma pitada de ilusão, de sonho, de LSD.
uma cartela de entusiasmo
um gole de felicidade
Chuto o balde e percebo que não tenho mais idade
Sorri junto aos universitários
gente feliz mesmo sem salário
E meu emprego é viver ...


Porque a normalidade é algo que irrita
Mas sei que quando só se tem a marmita no meio do expediente
é difícil se considerar gente
Pode ser só bicho ou robô
Porque aquele sonho, a poesia... já passou
É ato codificado, fila, regra, produto enlatado.

Resolvi jogar tudo pro alto e plantar poesia
pra ver o que nascia

Nasceram borboletas no meu descabelado

Esperanças, imagens coloridas
de um mundo fantasiado.

terça-feira, 14 de julho de 2009

De casa pro sol

Saí de casa pra ver o sol
Há muito não o via
Toda desregrada
Vampira
De noite na rua
De dia escondida
Vim versar um pouco
na areia fria

Parecia que havia brigado com o mar
Gelaaaaaado...
Tava nessa de hibernar

Vim meditar com o sol
Encontrei casais invernais. Quentinhos
Abraçados, felizes, engraçadinhos.

Vontade e pânico
Foi o que me deu
Carinho, companhia
Foi o que pareceu
Lembrei de brigas, obsessão
Dormir abraçadinho
Ciúme, incompreensão
Cinema, sushi
“amor, você não me disse que era aqui?!”

Sai tentação
Nasci sozinha
Solitude é convicção
Ou nem tanto
Talvez seja esse pranto de menina sem pai
Querendo ser independente
Tentando esconder os seus ais.

A palavra é intolerância
Disfarçada de arrogância
“Você não quero, você não gosto”
Escondendo um terrível desgosto
De não ter com quem compartilhar
Aquela idéia, boas risadas
Hoje o mar.


Espetáculo sem platéia
Musica sem ouvinte
Poema sem leitor
Procuro alguém pra sanar essa dor.

A dificuldade tá no escolher
Me aparece um monte que
Não quero nem conhecer

Tudo assim querendo trepar
Nem perguntou meu nome
Nem me chamou pra dançar.

Gosto de conversa
Mas quando resolvem...
Já saio logo morrendo de pressa.
Papo bobo, superficial
Ou querem dar uma de intelectual

A questão não é o papo, o cabelo ou a idade
É que não apareceu alguém com afinidade
De corpo, mente e espírito
Todos que chegam já digo e repito
Meu filho não mexe com isso não
To ficando contigo por falta de opção
To procurando... depois me chamam intolerante
Eu só resolvi te dar uma chance
Mesmo já sabendo qual ia ser o final
Sozinha, deprimida, sempre no inferno astral.
Deixa isso quieto, prefiro não complicar
Pega teu rumo
Cê pra lá e eu pra cá
Fugi, saí correndo,
Já soltaram logo o veneno
Essa é a menina
Que faz cara de contente
O cara tenta, se esforça, e ela sai pela tangente.
Difícil segurar!
Já foi de tantos homens,
mas agora quer um par.

Vai continuar vagando de mesa em mesa,
de bar em bar.
Na esquina, no cruzamento, na rua
Eu já vi ela procurando até na lua!

O problema é que não põe o pé no chão
Quer um príncipe encantado
que no 1° dia lhe peça a mão

Pobre garota sonhadora
Quer o cara perfeito
No amor ser ganhadora

Vive em casa perdendo a viagem
Na vida desperdiçando oportunidade
De se misturar
De outras pessoas encontrar

Sonhando com o moço encantado
Um dia vira estrela e o sol seu namorado.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Volta verão

Ai Marzão
Entra na minha alma
E me traz de volta o verão

Aquela sensação de festa
De havaiana branca
De gente sem pressa
De turista chato
De calor ingrato

Aquela beleza que preenche
De brilho de entusiasmo
De vida acompanhada
Caminhando no calçadão

Mas só sopra vento gelado
E cansei de estar só
E no tempo errado

Sofrida, doida, resfriada
Cobertor, chá,
Cheiro de vida embrulhada

Mas hoje fiz sol
E sol me fez
Mais contente...
Cheguei a achar que era gente

Essas gentes que andam
Trabalham, namoram
Sorriem

Mas lembrei que não era
Verão e eu era apenas solidão

Na praia bonita
Achando que era gente
mas era só alma fria

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pra ser poesia tem que rimar?
Qual é o conceito?
Desculpa perguntar
Comecei há pouco tempo
Tudo sem estudo, sem fundamento

O verso solto queria voar
Não sabia se com outro se juntava
Ou se logo ganhava o ar

Voa frase vai pra onde te encanta
Não me importa rimar
nem movimento virar dança

Que seja conto então,
Já que é uma história
Sem muito padrão

E se rimasse com coração? Seria piegas?
Não sei, só sei que cansei de seguir suas regras

Precisava intitular, dizia ele, dar um formato
Eu disse: que moço mais ingrato!

Desculpa a minha ignorância
É que não estudei poesia quando era criança

Escrevo pra minha alma aliviar
Dessa dor que insiste em me calar

Não sei se morro
Não sei se mato
Escrever já é um ato!

Só não sei se entra no formato!

Se é verso, prosa ou conto
Não sei dizer
Agora dá licença
Eu to afim de escrever

Rima pobre
Alma rica de ilusão
de metáfora
É só uma percepção

São impressões da vida que levo
Tudo parte de um Universo Paralelo

Você ta pensando o quê? Que eu não sei rimar?
Aceitei o desafio sem me descabelar
Agora posso dizer o que penso?

Poesia de muito, é pouca!

sábado, 30 de maio de 2009


Ação e reação

Pisa no meu pé, chuta meu calo. Eu sorrindo. De dor. De ódio. Pisa incessantemente e eu cantando mantras. Você sapateando minha cova. Eu lendo provérbios bíblicos. Você enfiando o dedo no meu olho. Eu te matei e nem percebi. Pois estava rezando.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O FIM DAS UTOPIAS

Meu mundo caiu no momento que me percebi vendendo a alma pro Diabo e a bunda pro inimigo.
É o que se paga pra conseguir o que se quer.E acabou isso de ver a alma das pessoas.
Isso de saber como se viver. Não sei mais nada.
Vou fingir que não vejo tanta sombra e tantas trevas.

Quantas vezes meu mundo caiu?
Quantas vezes você vai me insultar e me deixar sem defesa?
Quantas vezes serei mal interpretada?

Frágil. Me chamou. Achando que me agredia, mas me elogiava. Sabia ser forte principalmente na minha fragilidade.

Eu rezava e achava que era boa.

Batia na sua cara por me achar correta.
Você me devolvia o tapa com força maior.
Tomei na cara por dizer o que penso.


“Não me ensine à viver” você disse.

“Não grite comigo.” Eu respondi.

São tantas coisas.

Eu só podia rezar.

E aquele sonho passou.

Chamei meu filho no canto e lhe disse: “Não confie em ninguém, nem em você mesmo; você pode estar se mentindo.”

Se eu não enxergasse tantas coisas seria melhor. Mas eu as via passear na minha memória.

“Vai continuar gritando?” Retruquei. Pra mim Acabou Parte II.
Porque a primeira parte se foi no momento em que seus devaneios materiais destruíram minhas utopias.

Te julguei e tomei no centro de mim.

Me atirou o vazo de merda na cara.
Me atirou todo o seu lodo, toda a sua feiúra.
Me atirou não nas costas e sim na cara.
Nesse duelo vi minhas pérolas caírem e junto com elas os porcos se deliciavam.
Aplaudiram minha queda.

Mas eu, guerreira tradicional, só desistirei quando não tiver mais alma.

Pois a minha carne já foi consumida pelos seus vermes.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Borboletas no estômago!
O telefone toca.
Podia ser uma esperança
Poderia ser aquele

cheque de 100.000 Reais
Deveria ser você.

A cabeça à 360 kilômetros por hora
O peito apertado

E as borboletas não paravam
É hora de vomitar.
Os pés saindo do chão...

Não! Os pés enterrados no asfalto!
Era a cabeça que estava tão longe
Que achava que estava voando.

Mas só as borboletas estavam.

O Colar de Pérolas


Naquela noite embaçada e interessante,
perdeu seu colar de pérolas.

Os olhos profundos e doces sentiram-se ameaçados e como todo escorpião desconfiado: Fugiu.

Fugir é um verbo feio que não combina nem com escorpiões nem com aquela mulher forte, então prefiro analisar a cena de forma sutil e dizendo que ela “tomou uma atitude”.

Por medo, desconforto, por tantos pensamentos geminianos, que brigam e se multiplicam; por tantas razões racionais capricornianas.....

Mas havia ficado intrigada com aquele Moço profundo, estranho, caótico e de outro mundo, que ela conheceu.

Chegou a duvidar de seu mundo, mas ficou pensando que máscaras e personagens não são coisas de piscianos .... talvez de atores...
Um Moço de água! Só poderia ser de sentimento!

O que me parece é que esse Moço veio de um “universo paralelo”.... de sei lá onde.... de um lugar que Angela costumava visitar: as profundezas!

A questão é que a tal mulher cansou de ser sexy symbol.

A única coisa que pensava era em como é bom deitar-se nos braços de um homem em quem se confia. E isso não tem a ver com casamento. Pensamento avançado demais para o seu tempo.

Abrir a porta da sua casa pra um estranho é algo perigoso. Pode não funcionar. Então ela repensou “ e se eu fizesse diferente?”

Não abriu nem a janela. Trancou tudo dentro da bolsa finíssima e saiu sem bater a porta, pois ainda tinha guardado o mínimo de classe.

E tudo isso quer dizer que.......o fato daquela mulher de um metro e setenta, loira, com pernas delineadas, ter saído em plena manhã vagando de salto alto e lápis preto escorrido, causou um certo incomodo na cidade.....

Mas ela passou pela avenida principal como quem sai pra comprar pão, de cabeça erguida. As pessoas que naquela manhã de segunda iam trabalhar chocaram-se com tamanha irreverência. Um ato revolucionário.
Naquela época, uma mulher sozinha, com trajes noturnos, sair amassada, descabelada, como quem sai de uma guerra, em pleno dia, mostrando-se humilhada e fugitiva de uma ação, provavelmente sexual, só poderia estar insana.

Mas tudo isso: as matérias de jornal, a censura na porta de sua casa, o interrogatório na polícia, o desquite do marido; não a abalaram.

O problema é que ficou sem seu colar de pérolas e junto com ele ficou uma curiosidade imensa de saber quem era aquele Moço que conheceu naquela noite turva e embriagada.

domingo, 15 de março de 2009

As partes

Água parada dá câncer
sentimento guardado dá dengue.

Sofro com as oscilações
de movimento e pausa.

Dias de fogo-ação
conquista de novos caminhos.

Cara de pau.

Dias de água-sentimento
isolamento, depressão.

Cara de paisagem.

Quisera unir as duas partes pra um café... ou quem sabe um chopp,
mas sempre estão desencontradas.

quarta-feira, 11 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Mares


Ela num mar, ele no outro
Ele andando em cima das ondas
Ela olhando na linha do horizonte
Olhando e sonhando de olhos abertos
com o dia do retorno-tentativa.

Eram velhos conhecidos
trocavam sonhos, esperanças e saudades.
Ouviam o doce e ancioso cantar de um futuro encontro.
Acreditavam num solucionar da morte e numa possível vida latente saindo
pela janela de seus barcos que velejavam em mares tão diferentes.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Antes do mundo cair


No balanço Final de mais um ciclo
surge no finzinho do segundo tempo
aos 45 min. uma esperança:

"uma menssagem"

e ...

"é dela"

A gente aqui esperando essa tal Senhora Felicidade
roendo unha
bebendo lama
derramando o leite
pisando o pão...
e vendo o trem passar...

Não tinha vaga, "entre no próximo"

e é um tal de:

"o próximo"

"o próximo"

"o próximo"

que na verdade a única coisa
que se aproxima é o fim.

Mas... como nem tudo é martírio...
mesmo a poesia de dor
tem sua beleza
mesmo o drama
tem seu momento feliz
mesmo a solidão
tem espasmos de encontros.

Confesso que algo muito filosófico acontece em mim
quando penso na possibilidade
de estar ao seu lado.




Pára tudo!


Poesia de muito, é pouca!

... não tinha teto, não tinha nada

Observávamos aquele casal bonito e estranho.

Era um Menino Peixe e uma Moça Borboleta Ancorada.

Pobre Moça.... com asas tão bonitas e saudávaies não conseguia
voar, pois tinha os pés presos ao chão.

Formavam um belo par não fosse o peso que a Moça carregava nos pés.
Sofria!

De longe víamos seu olhar duvidoso, inseguro e apaixonado que
avistava o Menino Peixe.

O Menino só na maré mansa ... levando a vida no bico...
e a Moça na lábia.

Era um bom Peixe, era do bem... mas
plantava sonhos na pobre cabeça da Borboleta.... que nem se quer voava.

Não chegava a ser tubarão, era um peixe pequeno e medíocre,
mas a Moça insistia em enaltecê-lo.

Eu e meu surreal marido olhávamos a cena da janela
de uma casa muito engraçada,
que não tinha teto, não tinha nada.

E ali ríamos dos desencontros de peixes e borboletas.

Aquela casa que não tinha nada foi o motivo de nossa união,
eu cuidava da comida, ele dos cabelos.

Tudo ali, naquela casa muito engraçada,
sem teto, sem nada...
mas onde, pessoas felizes, brincavam marchinhas de carnaval.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Espasmos de Loucura




Uma Leila
Uma Marilyn
Uma Diva

Brotando em mim

Um Grito de Liberdade
Uma manifestação feminista?

Não. Uma enchurrada feminina.

É Vênus nascendo do mar
É Iemanjá me adotando de vez
É o sol na casa 7
A janela sempre fechada. Ela lavava os pratos e aquilo era uma espécie de terapia como um ópio para apagar a sensação de claustrofobia que aqueles buracos enormes na parede (tampados com vidro) causavam.
Ela só queria ver a primavera entrar.
O verão já havia chegado doce como canela, mas....
os cabelos dela e das outras continuavam presos.
Não pegava nem as chuvas de verão ...
tinha um pedaço de vida preso naquelas janelas.
Quantos orifícios tampados.
Quantos buracos blindados.
Quanta vida lá fora...
Sonha com o vento que iria soltar seus cabelos
como aquele vento antigo chamado Saulo, agora Zéfiro.
Um amigo que trazia boas vibrações ... e notícias de um sol que descansava numa casa de número 7.

E se quebrasse o vidro?
E se matasse o minotauro?

Não... era como deixar aquela areia no biquíni depois de um dia de praia ou como um gosto amargo na boca ou como brigar com uma das partes de um todo.

Queria apenas ver a primavera entrar soprando suave
cantigas que me lembram
a paz que nunca tive
mas sempre sonhei
ou as flores na janela
que ainda abrirei.