domingo, 28 de dezembro de 2008

Luzes Astrais

No Planeta harmônico solar branco
com macacos auto existentes vermelhos
e cristais cósmicos amarelos
sonhos de olhos abertos
realidades de pura cegueira
materialismos de falta de percepção
o todo desconectado
a moça desfocada
a lente embaçada
o filme lavado
abri o diafragma e vi
luzes astrais
brancos espirituais
cegueira iluminada
foi sua lente
que me captou
num lance de pura
presença
era só um cachorro cósmico branco
brincando no jardim
da mente

sábado, 6 de dezembro de 2008

No jardim, Flores Astrais sob teus pés
quem és?

Deusa-menina ?

Vênus ou Afrodite?
Cólica ou Cistite?

É mania de feminino
mas aparente jeito de menino

Um bom disfarce
O encanto provoca o impasse

Luz da lua esconde a beleza feminina
Mas no fundo alma de menina

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

te amo

te amo

te amo

mesmo sem te conhecer

amo o que sonho

sonho com você

talvez seja loiro

talvez moreno

quem sabe

novo

mas de preferência

solto

entregue

amável

a procura

ao encontro

ao acaso

e no caso

me encontre

pode um caso

comigo ter

mas se por descaso

me esquecer

deixo a casa

e caso

com outro talvez

domingo, 23 de novembro de 2008

seis e vinte

O Relógio da sala sempre marcava 18:20. Ou seria 06:20?
Não se sabe ao certo.
A questão era que naquela casa o tempo parecia não passar.
Entravam e saíam.
Os dois sentávam-se à mesa; às vezes sem conversar; outras trocavam poucas palavras.
Mas algo havia mudado naquela sala.
um quê de vazio e de decepção.
Os outros que foram embora deixavam lacunas difícies de serem preenchidas.
Os dois que ficaram resistiam às goteiras na sala...
ao mofo da parede e ao desgaste mental que aquele relógio na parede imprimia
com suas sempre 18 horas e 20 minutos. Ou seriam 06 horas e 20 minutos?
Essa dúvida eles nunca conseguiram decifrar.
Pois naquela mesa daquela sala se encontravam à luz do dia e da noite...
sem um padrão repetitivo ou linear de tempo.
podiam ser nas madrugadas... esses encontros sem dúvida eram mais felizes... tortos, sorridentes, embaralhados....
Os que seguiam nas manhãs eram embaraçosos... outros ... entediantes ...
mas sempre se encontravam ali.
Naquela mesa , daquela sala com goteira, olhando para aquele relógio parado.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O conto do ônibus


Fazia passeios de ônibus, sempre musicais.
Passeios musicais. No ônibus.

Mesmo quando calava ou dormia ainda queria cantar

Não achava nessas estradas um onde no qual pudesse soltar essa voz e esse movimento
Sentia um vazio provocado pela falta de espontaneidade e ainda queria correr meio mundo

A Mocinha do ônibus
Olhando pela janela enquanto o motorista a guiava em um novo caminho
ficou encantada com as estátuas de um velho e glamuroso cemitério

Que almas seriam estas que se guardavam entre tanta beleza antiga....
Escutava música estrangeira sem entender uma palavra...
Mas cantava sem deixar sair nenhum som

Seu sonho era dançar no metrô

Perhaps?

No ônibus ouvia musica, dançava, cantava, vivia amores, tudo de olhos fechados, sentadinha,
Nos seus sonhos transeuntes .....
Em seus silêncios musicais
Seus silêncios de movimento

Andar naquele veículo era sonhar
dar asas àquelas guitarras pretas da camisa branca

Mocinha sonhadora
“queria um beijo de cinema americano”
e um lugar pra cantar e sorrir
Uma história na qual pudesse ser a heroína

Um final feliz
E um caminho lúdico

No qual as pessoas dançam no meio da rua como em filmes musicais
Onde as pessoas sobem em cima da mesa, num restaurante chique
Onde o cobrador canta uma canção e os passageiros respondem em coro.
A moça do caixa larga seu posto e rodopia pelo supermercado
Os policiais largam suas armas e se beijam
um sonho tipo sessão da tarde

Tudo em movimento
E o povo todo nesse harmônico

Uma felicidade que contagia
Um sonho que grita

A mocinha sonhava.... no automóvel em movimento

Mas ônibus parou. Chegou o seu ponto. O som desligou.
E ela voltou para sua realidade silenciosa e parada.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Todas as cartas de amor...

Fernando Pessoa (Poesias de Álvaro de Campos)

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor, Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal, Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)



Álvaro de Campos, 21/10/1935

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Com açúcar

Só por hoje eu quis morrer
queria morrer só um pouquinho
parar. parar de pensar.
parar e resolver.
um dia pra resolver a vida
uma pausa no tempo
na vida...
se eu pudesse adiantar, passar as fases ruins
pular para o próximo capítulo.

Episódio de hoje:
"o silêncio" ou "o vazio"

Mas, a vida não pára. tenho que continuar.
alguém se foi. um alguém deixou outro alguém,
não que isso seja importante, não é.
nem verdadeiro, não é.
nem se quer amável. é apenas uma mentira para preencher minha alma vazia.
vazia de sentido. vazia de mim.
e não me venha com sua filosofia budista, taoista, mazoquista,
do quinto dos infernos!
não me venha com frases prontas de e-mail coletivo!
Vá pra puta que paril com suas receitas pra dor de cotovelo, pra dor de amor,
pra saudade. angustia. solidão. vazio.
Não tem remédio.
Dorme que passa.
pois já não bebe, não fuma, não come, não trepa.
dorme que passa.
seria ótimo!
relaxar, sentir o ar entre os músculos, o mar nas costas e um céu azul me abraçando
e um sol dourado me acariciando ...
tipo poesia brega de banca de revista
tipo cafonisse intelectual como didria Veloso.
tipo pieguice de quem sofre porque perdeu uma paixão
é só alguém fugindo da culpa de ter se apaixonado,
ou de ter acreditado nisso
de não ter se entregado mais ou de ter se entregado tanto
pensou tanto que fundiu...... não viveu.... sofreu com
uma porra de um psicologismo espiritual........
quer saber? não se explica!
tava era curtindo a vida
e vc?
vai me dizer que estava rezando?
azar o seu, a comida estava ótima e a sobremesa também!
ha! com açúcar por favor! muito açúcar!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

A VIDA É UM MUSICAL

"You can dance ..."
E eu danço

A vida é um musical
e as pessoas insistem em ficar paradas

Vamos solte !

"You can dance ...
Having the time of your life"

Sim você!
eu!
eles, elas!

A VIDA É UMA ÓPERA
salte
rebole
mova-se
sinto-me viva porque danço
porque mexo
porque movo
sinta a música
"holiday, celebrate ...
Just one day out of life "
desenterre as sapatilhas
alongue esse corpo
está entrevado
tire suas travas
mexa esse bum bum
vc é um ser vivo
dançante
"Music makes the people come together"
escute a música do universo
o transe
transcenda
sinta-se assim nos anos 80
sinta-se livre
liberdade é poder se movimentar
livre-se de vc
que eu me livro de mim
cante
A vida é um musical
"You can dance ..."
sorria
a vida é só uma
amanhã não existe
porque vc vai embora
eu vou embora
e a sala ficará vazia
só os crédito finais
restos de pipoca ...

mas a música continua
ela está dentro de vc
"You can dance ..."
jovem ou velho
solte. voe. ame.
E simplesmente dance
vc vai se sentir vivo
mesmo que do outro lado do atlântico
vc também sabe mexer
"You can dance ..."
no Brasil, em Portugal, na Grécia, no Japão

"You can dance ..."

A vida é um musical

Flores Mortas

Hoje Comprei flores mortas
Assim disse o moço da floricultura.
Mas chamá-las de mortas me parece um insulto!
São apenas de mentira
Tudo o que é mentiroso está morto?
Naquele momento entendi que sim
Vivo é aquilo que pulsa, sofre, sorri, canta e
Invariavelmente dança.
Mesmo que parado. Mesmo que sem ritmo. Mesmo que sem ponta.
Não importa.
Entendi.
Mortas porque sem vida
Percebi que o interessante não era serem perfeitas
Podiam ser tortas, feias, estranhas
O importante é que fossem vivas
e isso é uma tarefa difícil
num mundo de plástico
e flores mortas.

terça-feira, 8 de julho de 2008

A moça do querer

sair de cena
sair de mim
na vedade nunca estou em casa
vou me convidar para jantar
será que eu vou estar?


"ela saiu, só volta de madrugada" - o porteiro diz

A moça do querer está
em qualquer lugar
onde sua luz possa arejar
em garrafas de vinho
em rodas de amigos
em fotos antigas
numa dança onde se abra roda

compartilho logo existo!
por que?
porque ela só existe quando vc olha!

pára de olhar e eu descanso um pouco....

ela só pode oferecer a sua própria angústia
que não pára numa única taça medíocre de vinho
num único desejo
ou num fingido elogio.....

se bem que "ando tão à flor da pele..." que qualquer elogio me faz chorar

E só queria aquelas malditas palavras

ela cata

"Killing me softly with his song"

chora
bebe
fuma
dança
escreve

só faz
não quieta nunca

sofre
canta
arteira
dorme por favor!
pára!

não descansa nunca

amigas distantes.......
me lembram sempre quem eu sou.....
se sou...
ou se fui.
já nem sei........

ela foi
se foi
alô?
saiu.
e tem volta?
nunca se sabe.
Ela foi pra não voltar

dançou
cansou
tremeu
tudo rodou
não aguentou e ...
entregou os pontos
porque amanhã é dia de cidade maravilhosa
de feira
de ensaio
de calçadão
de encontrar e sorrir
porque vale a pena porque encontro
porque sou só encontro

libra no meio do céu
planetas que insistem em estar fora.....
eu os chamo . . .
mas eles preferem a multidão da famosa casa 11

e ela continua
terminando em vazios três pontinhos

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Ele musical eu no silêncio

Abri meu caderno pra um estranho e ele gostou do que viu.....
foi só um jeito de Arnaldear

é indelicado tocar nos problemas?
e nas rendas?

Hoje tivemos leveza
Já não sei que dia é hoje
Na verdade nunca sei
Ando sempre fora do tempo
Sempre atemporal
Sempre com o poder da intemporalidade
Que diabo de palavra difícil!
Que coisa essa de não saber
De querer entender
E me faltam as palavras.....
Um mundo tão grande pra estudar
Que porra é essa?
Que dor é essa?
Que cala e que não sabe falar inglês!

Fiquei no caminho do diálogo,
Tentei um monólogo.....
Mas me parece tão chato
sem conflito
sozinho

Ando tão da noite
Tão...
à margem, clandestina
Quebrando mais regras, mais protocolos
Mais “achismos”
Com gringos
Com meninos
Sem me encontrar
Tanta gente e ninguém

Achei lindo quando vc me disse
“vc torna tudo tão vivo”

Músicas interrogativas me rondam...

Clichê. ok. ótimo. Vamos em frente mesmo assim,
Mesmo que nos critiquem... é só o que sabem fazer....
Porque senão o que poderiam fazer? criar?
Não acredito......

Porque falar de amor é clichê?
Foda-se.
O botão mágico do foda-se
e tudo caminha......
Saudade. Solidão. Medo e adrenalina
Vontade de arrancar a roupa e sair dançando nas esquinas, no meio da rua,
em mesas de sinuca

e agora toca uma música de fim de filme .... daquelas para gente chorar ... e entender
e foi nesse momento que vi
“uma estante cheia de livros entre a gente”

então fugi..... gritaram do alto
corra Lari corra!

e nessas andanças conheci um menino passarinho
amo tudo o que move
logo tudo o que voa.....
mas voa tão longe que........
nem sei......

sexta-feira, 4 de julho de 2008

cadernos

os cadernos já não me dizem apenas conceitos, cronogramas, me dizem palavras aleatórias subjetivas, poéticas-piegas, sujas-duras, concretas-dadaístas.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Mulher reticências

bolinhas misteriosas, lânguidas ...
aquosas,
femininas,
soltas
que deixam conceitos pairando no ar
. . .
não gosto de definir as coisas.
Prefiro deixá-las viver.

sétimo andar

Coisas, muitas coisas acontecendo. Dentro e fora.
Mudanças aleatórias, sentimentos, espaços, pessoas. Com e sem sentido.
Num lugar- Maracaibo, numa pausa da vida. É estranho conseguir viver tanta coisa num momento em que nada aparentemente acontece.

O que acontece?

Danço na sala, ao som do Ipod nos ouvidos, vendo o dia amanhecer, fumando um cigarro.
Sento na janela do sétimo andar... vejo a silhueta da lagoa em contraste com um céu poético... fotográfico.

Ouço samba. Danço, canto em silêncio e me emociono. Não sou fumante, mas fumei um cigarro. Bêbada de whisky com energético.
Numa pausa latente a cidade ainda dormia...
e eu dançava, fumava, chorava,
sozinha
na janela do sétimo andar.

VIVA INQUIETAÇÃO

O tempo passa... tenho medo de quê? De não conseguir, de não conseguir o que quero.
O medo do não, da rejeição,
do se sentir feio, sujo, burro, de não ser bom, de não ser...
de se decepcionar
da morte,
da dor física,
do corte.
“Amelie querida ... você não se curvou, não se humilhou” ¹

O medo de amar, viva inquietação,
medo é estar vivo, é bom. É prudente.
isso que me causa pavor.
Ser assaltada
Estuprada
Violentada
Insultada
De um acidente
De cair...
Do avião, do carro
Do prédio cair
Da minha mãe morrer
De engravidar
De nunca ter filhos
De ver espíritos
De ver meu pai
De matar alguém
Pânico de não andar
De não dar certo na vida
de não realizar meus sonhos
de nunca ter um marido... de decepcionar as pessoas...
Ai vontade de ajoelhar, posição fetal, encolhidinha, num cantinho, a luz acessa, cobertor na cabeça...
Porta do armário fechada
Música pra dormir ou muito álcool na cabeça.

Então eu tinha medo dos gritos, das brigas, das pancadarias dos casais brigando.
Homens e mulheres bêbados, dirigindo carros, jogando roupas pela janela... medo de não voltar de uma onda...
Ficar drogada e nunca mais voltar. Perder a noção do real, perder o controle

Medo do mar
De me afogar

Mas nunca tive medo do amor. De amar, me entregar...
Ir no fundo, bem fundo, estar com alguém, sentir outro, se sentir,
trocar é bom. “The more I revolt, the more I make love” ²

Medo de me analisarem e criarem expectativas sobre mim as quais eu não possa suprir.
“expectativas desleais...” *

Medo da inveja.
“teoria da conspiração”

Basicamente medo de pessoas!

Medo de polícia, medo de ladrão
De armas... pra que armas?
Já diziam: faça amor, não faça guerra!

De não ser compreendida na minha caoticidade, num jeito de pensar e ver a vida..... meio casa 11.
Dormir
Dormir
Dormir
Dormir.........

Saudade

Tinha menos medo quando dormia com você
Me abraça, me aperta, me sito viva e tenho menos medo da morte.
Ansiedade.
Ansiosa
Ociosa
Ociosidade
Gera estresse
“Mãe onde fica Marcaibo?
Pra que lado esta a dor?
Vozes me enganam.” **
tensões no corpo
Músculos contraídos
Cobertas. Não durmo sem me cobrir
Proteção
E se todos os países entrassem em guerra?
Medo de você me deixar de não me amar
de amar outra pessoa...
Medo de perder a visão, de ficar cega, de ficar doente.... inválida.
Medo: viva inquietação.




Referências
1: trecho do Texto: A Mais forte
2: frase do chaveiro da loja TOTEM
* : música Vanessa da Mata
** : trecho do texto do espetáculo (des)esperar