domingo, 23 de novembro de 2008

seis e vinte

O Relógio da sala sempre marcava 18:20. Ou seria 06:20?
Não se sabe ao certo.
A questão era que naquela casa o tempo parecia não passar.
Entravam e saíam.
Os dois sentávam-se à mesa; às vezes sem conversar; outras trocavam poucas palavras.
Mas algo havia mudado naquela sala.
um quê de vazio e de decepção.
Os outros que foram embora deixavam lacunas difícies de serem preenchidas.
Os dois que ficaram resistiam às goteiras na sala...
ao mofo da parede e ao desgaste mental que aquele relógio na parede imprimia
com suas sempre 18 horas e 20 minutos. Ou seriam 06 horas e 20 minutos?
Essa dúvida eles nunca conseguiram decifrar.
Pois naquela mesa daquela sala se encontravam à luz do dia e da noite...
sem um padrão repetitivo ou linear de tempo.
podiam ser nas madrugadas... esses encontros sem dúvida eram mais felizes... tortos, sorridentes, embaralhados....
Os que seguiam nas manhãs eram embaraçosos... outros ... entediantes ...
mas sempre se encontravam ali.
Naquela mesa , daquela sala com goteira, olhando para aquele relógio parado.

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